sábado, 31 de dezembro de 2016

O Presente





O Presente.

Vésperas de Ano Novo, mais um plantão já que fiquei pela cidade. Esse estava calmo. Atendo um paciente, meia idade, com algumas coisas da vida em comum. Vem ao pronto socorro com diagnóstico já feito, na esperança de evitar que sua dor nas costas piore como em vezes anteriores. Não era só mais um paciente com dor nas costas que veio querendo um milagre para ela. Veio já ciente de sua condição, e fiquei feliz em ouvir que ele já tomava em sua vida diária as medidas necessárias para evitar que a dor surgisse. Músico, passa muitas horas na mesma posição, e ele mesmo já havia adaptado seu modo de tocar e segurar o instrumento , e notou que houve importante melhora na dor, e diminuição no número de episódios da tal lombalgia. Fez seu desabafo sobre o medo de travar como das outras vezes, explicando o porquê de ter ido ao pronto socorro. Conversei com ele, e fiz uma medicação, dei algumas orientações, e disse que o veria novamente após a medicação realizada para deixar alguma coisa para casa caso precisasse, e dar algumas outras explicações para melhorar sua dor.
No mesmo dia atendi uma senhora, seus oitenta e poucos anos, bem forte pelo jeito de andar, apesar da idade e queixa. Tinha também uma dor crônica no quadril direito. Nem bem entrou no consultório, já colocou para fora sua queixa local, e sua indignação pela falta de diagnóstico preciso mesmo após passar por vários médicos. E veio na sequência outros motivos pelo qual estava nervosa e triste, problemas pessoais, o choro e os pedidos de desculpas pelo choro. Eu falei que podia chorar. Então ela começou , bem segura de si a falar que eu tinha que resolver o problema dela, que ela não aguentava mais, despejou seus exames em cima da mesa do consultório, de meses atrás e um recente, e que já tinha feito de tudo e nada melhorava sua dor. Que após a morte de um parente, a dor voltou e não passou mais. Respirei fundo e pedi a Deus e meus Anjos da Guarda que me ajudassem a conduzir da melhor forma aquele caso, e que me protegessem diante de tamanha insatisfação, que eu conseguisse fazer algo. Pedi então para a paciente para examiná-la, ela dizia bem segura que nada doía, só quando andava, uma dor na lateral do quadril direito que descia para a coxa. Repetia que não tinha nenhuma limitação de movimentos. Pensei, hora, porque está tão nervosa então, já sei.... A dor.... E eu teria que resolver isso. Foi então que ela me perguntou se ela ia morrer daquilo. Médicos são seres humanos, e comecei a ficar com a paciência no limite. Eu disse que geralmente dor nos membros não mata as pessoas. Então ela reclamou dos atendimentos anteriores, que falaram que era o fêmur e que ela foi lá para saber se era mesmo. Em alto e bom som me disse “ quero garantia de que é ou não meu fêmur”. Nesse momento me irritei, por mais que lembrasse dos ensinamentos de Dalai Lama, como ser humano, que também sente e tem lá suas dores, explodi educadamente um : “Garantia só tenho uma, que eu vou morrer... Todos nós vamos morrer um dia... “, a senhora se assustou, e eu também. Fiquei chocada com a “Garantia de que eu vou morrer...”, refleti em segundos afinal gosto de viver “perigosamente” escalando e mergulhando por aí. Risco que se corre ao viver intensamente. Enfim, já tinha falado, e serviu pelo menos para a senhora modificar seu jeito de falar comigo. Recuperada da explosão de sentimentos , não sou Deus, não tenho como garantir nada, fui ver os exames da paciente e identifiquei uma alteração  que poderia estar causando sua dor, e colegas não haviam identificado. Tentei explicar, e novamente ela queria garantias de que o problema não era no fêmur. Pacientemente expliquei que o que aparecia de seu fêmur nos exames não tinha nada, ao meu ver, que fosse grave, que eram apenas alterações pertinentes a sua idade. Ela mais algumas vezes, agora se desculpando pela insistência, perguntou de novo se não tinha nada no fêmur, expliquei que o que eu tinha observado era fora, no meio da musculatura e poderia causar a dor, que tentaria tratar com fisioterapia e medicação e achava bom ela consultar um colega especialista para acompanhar seu caso , caso não melhorasse tentar alguma outra medida. A senhora no final , perguntando mais algumas coisas se não tinha nada no fêmur, foi embora e me abraçou, dando um beijo no rosto e que se a dor melhorasse, voltaria para agradecer de joelhos. Eu disse, pensando em alguns amigos e familiares que tem muita saúde, mas às vezes procuram “doenças” neles mesmos e nos outros, “Senhora, não precisa vir agradecer de joelhos, ficarei muito feliz se a senhora pensar que tem saúde e força para aproveitar a vida, esforce-se para pensar em coisas boas, a senhora é muito forte! Pense na saúde que tem. “. Ela foi embora com minhas receitas e feliz.
Voltou o músico da medicação, bem melhor, e começou a falar sobre a vida. Como o plantão estava calmo, eu aproveitei e ouvi suas histórias e me identifiquei com algumas delas. Ele falou sobre depressão, e conversamos sobre como só quem tem algo parecido sabe que não é frescura ou moleza, como é química a coisa, e como quem tem, melhora quando a parte química é equilibrada usando recursos adequados e fazendo um bom acompanhamento com uma boa equipe médica. Contou como quando se é pai, tudo o que se faz é pensando primeiro nos filhos, e fez um desabafo sobre como a classe de artistas é pouco valorizada no Brasil. Eu compreendia bem o que ele falava, disse que toco piano desde nova. E refletindo enquanto ele falava, fui lembrando dos quantos amigos que tenho, das minhas andanças e aulas pelas escolas de música, teatro e dança que passam aperto exatamente como ele falava. Da instabilidade e o quão tensos ficam devido a essa instabilidade. Falou sobre um episódio com sua filha,  alguma intercorrência médica quando pequena, momentos de tensão junto a sua esposa, falou sobre acreditar em algo maior que o que vemos com esses olhos humanos e contei para ele sobre uma experiência minha, passada dias antes. Mais precisamente na manhã do meu aniversário, dia 15 de novembro, num voo Natal – Recife – São Paulo, após dias de mergulhos maravilhosos com meus amigos do mundo subaquático. Eis aqui “O Presente”, título desse texto, que há dias penso em como registrar. Com essa reflexão entre fim de ano, trabalho, dores de pacientes, alegrias de amigos, arte, vida, registro meu “O Presente”:

“Estávamos todos em nossas poltronas, no fundo do avião. Um voo da Azul, que começou às 6 horas e pouco da manhã em Natal, escala em Recife, para retornar a São Paulo depois de uns ótimos dias de sol, mergulhos e praia com antigos e novos amigos, para dar continuidade às comemorações do meu aniversário. Era 15 de novembro de 2016. Todos conversando, eu após uma divertida “confusão” de troca de  lugares, sentada ao lado da minha dupla, observando o plano de voo na tela a minha frente, gosto muito de acompanhar no mapa, por onde estamos passando. Pensando “já em Minas com Rio de Janeiro, logo chegaremos! “. Ainda ia almoçar com a família naquele dia, mais comemoração. Foi então que uma das comissárias faz um pedido.... Que se algum médico estivesse à bordo, por favor se apresentasse com sua identificação para um atendimento médico, que se voluntariasse... Viajo muito, e tinha muito medo de um dia ser chamada num voo. Várias vezes falei sobre isso com amigos, sobre o que fazer se estamos diante de uma pessoa passando mal em algum lugar que não seja nosso ambitente de trabalho, onde temos os recursos necessários para atender e “salvar” vidas. Muito medo eu tinha de num voo chamarem para ver alguém, e esse alguém fosse um adulto infartando. O que poderia ser mais assustador para mim que um adulto infartando? Discuto muito esse tema pois, com a evolução da medicina, as diferentes especialidades, acabamos perdendo a mão para certos tipos de atendimentos. Eu , traumatologista, mais lido hoje em dia com fraturas, atendimento ortopédico de urgência. Há muito que não participo de uma reanimação. Claro que estudei, estudamos, todos nós médicos em suas diferentes especialidades, mas como outras atividades, se não praticarmos perdemos a eficiência para fazer algumas coisas. Sorte a minha, sempre gostei de urgências e emergências. Eram os estágios e matérias que eu mais gostava na vida acadêmica. Pronto Socorro, de tudo! Cirurgia de Emergência era minha outra opção para seguir como especialidade, mas acabei escolhendo a Ortopedia. Escolhi também trabalhar em PS, plantão, é o que gosto, e talvez por isso ainda tenho em minha mente os passos para atender urgências e emergências. Tenho uma cadeia de passos registrados em minha mente para seguir durante a avaliação de um paciente politraumatizado, de uma pessoa inconsciente.... E por forças que não sabemos de onde vem, como disse o paciente músico em seu desabafo, esse ano fiz duas revisões onde vi de novo sobre reanimação e atendimento de pessoas inconscientes, crianças e adultos.
Por segundos no voo ao ouvir o pedido da comissária, pensei, “Não sou médica, sou ortopedista”, uma brincadeira comum entre colegas médicos. Pensei, mas nem completei o pensamento, pois quando me dei conta os amigos mergulhadores, ao final do pedido anunciado pela comissária, viraram-se todos para minha direção e não pude optar em não me voluntariar. Disse calmamente, está bem gente, já vou... Levantei, uma comissária veio perguntar se eu era médica , disse que sim, ortopedista e me acompanhou até a frente da aeronave onde uma criança no colo de sua mãe esperava. No trajeto até a criança a comissária me disse que a pequena tinha vomitado e estava muito mole, se eu podia dar uma olhada. Chegando à criança, uma outra moça apareceu, e um moço. Fiquei feliz em perceber que não estava sozinha. Ela Otorrino, ele Psiquiatra. Bom, uma Ortopedista, uma Otorrino e um Psiquiatra, acho que conseguiríamos fazer alguma coisa que um Pediatra faria, até falei isso no final do atendimento brincando mas os colegas estavam tensos e nem acharam graça no desabafo. Pelo menos tentaríamos. A criança não reagia, tinha 1 ano e 4 meses aproximadamente. Pusemos deitada no banco das comissárias e nesse momento, olhei para seu esterno já pensando numa reanimação, e pensei “Senhor, por favor não deixe essa criança morrer aqui! “, vi que a barriga se mexia, peguei sua pequena mão, percebi que estava quente, e perguntei para a mãe qual o nome. A mãe disse e eu comecei a chamá-la pelo nome, sem nenhuma resposta. Vi que seus lábios estavam brancos, cinzas, suas pupilas fixas, pensei novamente “Senhor, que essa criança não pare aqui...”. Deitada ficou mais mole, a cabeça pendia sem controle, segurei a cabeça, a Otorrino sentou a criança, palpava a barriga, o Psiquiatra segurava o pezinho e enquanto a mãe desesperada perguntava o que ela tinha e pedia para por favor ajudarmos que ela não viveria sem ela, ele dizia para a mãe que tudo ficaria bem. Fui conversando com a mãe, se a criança tinha algum problema de saúde, se tinha engasgado, se tinha dado alguma medicação e num estalo, olhei para a comissária e perguntei “Vocês tem oxigênio? Traga rápido por favor.”, ela disse que tinha, trouxe rápido, primeiro cilindro emperrado, trocamos e coloquei a máscara na boca e nariz da pequena, olhando de tempos em tempo para ver se a cor voltava e se acriança reagia. Outro estalo “estetoscópio vocês tem? Por favor tragam”, e assim que chegou a Otorrino pegou, auscultou, viu que batimentos estavam presentes, e eu continuei na cabeça a ver se os lábios coravam, se os olhos reagiam. Contando parece muito tempo, ao vivo uma eternidade, mas imagino que foi muito rápido no tempo do relógio. Então a boquinha começa a manifestar os primeiros sinais de reação, os dentinhos aparecendo na tentativa de pronunciar algum balbucio, e eu vendo que a criança está voltando fico feliz e animada e digo mãe, fala com ela mãe, olha só, ela está voltando, está acordando”, chamo a criança pelo nome , ela abre os olhos e me observa atentamente. Outro estalo  “Lanterna, vocês tem lanterna? “, e a comissária me indica a lanterna de emergência ao meu lado, pego e avalio as pupilas da menina, reagindo! Respiro aliviada, e imagino que agora a criança ia ficar bem. Tudo isso sentindo os efeitos dos procedimentos de aterrissagem, estávamos perto de pousar. Passamos o caso para o comandante que já havia pedido autorização de aterrissagem em Guarulhos, e atendimento dentro da aeronave pela equipe de socorro do aeroporto. Um dos médicos à bordo ficaria sentado com a mãe e a criança até a equipe de regate entrar no voo. Minha colega Otorrino foi a escolhida, eu num momento pensei puxa porque ela e não eu, mas logo pensei, formamos uma equipe os 3 médicos à bordo, nossa missão foi salvar aquela criança, e se não estivéssemos juntos não sei o que teria acontecido. Nada de glórias ou ser notícia... Menos Tatiana! Volte para a terra, eres só mais uma em 7 bilhões. Segui com o torpedo de oxigênio até acomodarem a criança e mãe no local, sendo observada o tempo todo por aqueles olhos agora muito bem ativos e reativos do presente de aniversário chamado Bianca. “

O nome dos colegas médicos daquele dia não sei, só sei que algo nos conectou de alguma forma, e acabei vendo que ser médico é como andar de bicicleta, uma vez aprendido, você pode cambalear no recomeço mas acaba lembrando. Some a isso a conexão com Deus, Anjos, Espíritos, Energias do Universo, como queiram chamar!

Um ótimo ciclo de vida para todos é o que desejo para este novo ano! Paz e Saúde!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Amizades...

 "É preciso ter sempre em nosso coração um canto aberto e livre para dar lugar às opiniões de nossos amigos." 

Joubert

 





 


Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, eu perdia a paciência à menor provocação.
Na maioria das vezes, depois desses incidentes, me sentia envergonhado e me esforçava por consolar a quem tinha magoado.
 Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas a um amigo, depois de uma explosão de raiva. Após o ocorrido, ele me entregou uma folha de papel lisa e me disse:
– Amasse-a. Bem apertada.
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.
– Agora, deixe-a como estava antes – disse o professor.
Óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel continuava cheio de pregas.
Então, o professor me explicou:
– O coração das pessoas é como esse papel. A dor que a eles causamos será tão difícil de apagar como esses amassados na folha.
Assim, aprendi a ser mais compreensivo e paciente. Quando sinto vontade de estourar, lembro daquele papel amassado. A impressão que deixamos nas pessoas é impossível de apagar.
Quando magoamos alguém com nossas ações ou com nossas palavras, logo queremos consertar o erro, mas é tarde demais… Me lembro de um antigo ditado: “Fale somente quando suas palavras puderem ser tão suaves como o silêncio.”
Seremos sempre responsáveis pelos nossos atos, nunca devemos nos esquecer disto.
Autor desconhecido.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Kilimanjaro.... O desfecho!

E aqui vai o final da história sobre a Expedição Solidária ao Kilimanjaro com o Gente de Montanha, muito bem conduzida pelo grande Alpinista e Guia Maximo Kausch. Que venham as próximas! Pelo Brasil e mundo afora....

Kilimanjaro Parte 6



  Cume do Kilimanjaro com Maximo e Vitor.

             
              As crianças do Kilimanjaro!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Histórias da vida! Médicos....

Volto de mais um plantão, bem trabalhado, plantão para o qual fui ontem cedo esperando ficar como a única ortopedista e sem colega da cirurgia geral, preparada para a "guerra ", mas surpreendentemente chego lá e recebo a notícia de que um colega foi substituir o meu dupla que estava aproveitando merecidas horas de folga, e uma das colegas cirurgiãs com a qual gosto muito de trabalhar foi substituir o outro cirurgião ausente! Plantão cheio como sempre mas com equipe completa e trabalhando em sincronia para melhorar as condições daqueles que por lá estiveram nas 24 horas. Volto cansada, com sono mas satisfeita e feliz! Antes de colocar o sono em dia,  lendo algumas coisas interessantes por aqui, encontrei esse pensamento e essa história, de surpresas preparadas pelo Universo... Compartilho! Ótima semana a todos!


" Muita gente perde a calma só de ver alguém manter a sua." 
  • Frank M. Colbi


                      
                   Em algum lugar da Serra da Mantiqueira.... Para manter a calma!

 
 

História que a vida escreveu

Um famoso escritor conta a história de uma família rica, que foi convidada a passar um fim de semana na bela propriedade de uma outra família: a casa dos Churchill.
As crianças se divertiam porque havia uma deliciosa piscina na propriedade.
No último dia, ocorreu uma tragédia. O menino menor quase afundou. As crianças puseram-se a gritar, procurando alcançar com as mãos o pequeno, que se afogava, mas inutilmente. Por fim, o pequeno Alexandre Fleming, filho do jardineiro, ouviu os gritos e saltou dentro da piscina, salvando assim o menino.
Quando o pai ouviu a história, sua gratidão não teve limites. Ele se dirigiu ao senhor Fleming, o jardineiro, e disse:
- Seu filho salvou a vida do meu filho, o que posso fazer pelo senhor?
- Ora, o senhor não precisa fazer coisa alguma, disse o jardineiro, meu filho fez o que qualquer outro faria.
- Mas eu preciso fazer alguma coisa pelo seu filho. Que apreciaria ele?
- Bem, desde que aprendeu a falar, tem manifestado o desejo de ser um médico.
O homem estendeu a mão ao senhor Fleming, e disse:
- Seu filho freqüentará a melhor escola de Medicina que houver na Inglaterra.
E sustentou a palavra.
Ao final da Conferência de Teerã, o mundo foi sacudido com a notícia de que Churchill estava doente com pneumonia. Os meios de comunicação da Inglaterra transmitiram por toda a nação, o desejo de que o melhor médico do Império Britânico tomasse um avião para Teerã e assistisse ao Primeiro-Ministro.
Esse médico foi o Dr. Fleming, o descobridor da penicilina. Os seus esforços foram coroados de êxito. Mais tarde, Winston Churchill eletrizou o mundo com a declaração:
"Não é sempre que um homem tem a oportunidade de agradecer ao mesmo homem por haver-lhe salvo a vida duas vezes".
O pequeno Fleming, que havia salvo a vida do pequeno Churchill, quando este se afogava numa piscina, tornou-se o Dr.Fleming, que de novo lhe salvou a vida.
O pai de Winston Churchill jamais sonhara, que, ao dar à Alexandre Fleming a oportunidade de estudar na melhor escola de Medicina da Inglaterra, estava provendo o meio de salvar a vida do seu filho, pela segunda vez, através do mesmo homem.
Autor desconhecido

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Expandindo horizontes! Em busca de novas experiências de vida.

Antes de deixar o link para a parte 5 da Expedição Kilimanjaro, deixo aqui uma linda mensagem por uma animação. Chama-se "Piper". Sobre as grandes oportunidades que surgem quando nos arriscamos a experimentar o novo sozinhos, mesmo tendo algumas dificuldades no caminho. Muito bonita a mensagem! Apesar de nossas limitações e diferenças, podemos nos adaptar e encontrar uma forma de aproveitar as coisas boas da vida! Bom dia! E que seja um ótimo mês!

Piper - Curta da Pixar.



E aqui a continuação da visita ao ponto mais alto da África! Saiu no site AltaMontanha como final, mas por problemas técnicos meus rsrsrs... Esta é a quinta parte ainda. Em breve o desfecho!

Kilimantaro Parte 5


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Cuidar do ser humano!

Estou aqui em mais um plantão,  e como sempre coisas boas e intercorrências podem acontecer.  É isso o que tem de bom do trabalho no PS. Movimento. Mas uma coisa me chateia... Desentendimentos... Hoje um contratempo com alguém no plantão,  que pela segunda vez me chateou, mas como ser humano que sou acabei dessa vez não deixando de lado ... Falei o que me incomodou,  um pouco de um modo ortopédico de ser... Mas saiu... Não deu para segurar .... Antes de ortopedista sou médica,  e onde estudei aprendi a ver os pacientes como seres humanos que sofrem e sentem. Merecem ser tratados não só como " uma fratura de perna" ou um "cardiopata" ... Enfim... Venho fazer uma pausa e checando minhas mensagens encontro mais uma parte da viagem ao Kilimanjaro publicada. E bem na parte onde Max Kausch e eu ajudamos uma pessoa no meio do caminho. E eu como Médica Ortopedista, acabei usando os conhecimentos sobre exame físico pulmonar há muito tempo aprendidos e que por motivos de especialização ficaram guardados para uma ocasião onde fossem necessários.  Bom... Como precisei falar hoje, para não engolir, não trato ossos... Cuido de pessoas completas! A coisa boa foi que no mesmo plantão pude rever uma pessoa muito querida e cuidar de seu filho, e atender muitas outras pessoas e ouvir e aliviar um pouco suas dores. Aí vai a parte 4 do Kilimanjaro!  Compartilhem...

Kilimanjaro Parte 4

         Foto de Felipe,  minha amiguinha do             Orfanato. A que pulou dentro da van!

"A alegria é a juventude eterna do ânimo. " Ippolito Nievo


 Texto interessante ... Do site de metáforas.

Verdadeiros Amigos

Pítias, condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus últimos dias.  Dizia não temer a morte, mas, como explicar que seus olhos se enchessem de lágrimas ao ver o caminho que se abria diante das grades da prisão?  Sim, era a dura lembrança dos velhos pais!  Era ele o arrimo e o consolo deles.  Não mais suportando, um dia Pítias disse ao tirano:
- Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver meus negócios. Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.
- Como posso acreditar na sua promessa?  Os caminhos são desertos.  O que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e zombeteiramente.
- Senhor, é preciso que eu vá.  Meus pais estão velhinhos e só contam comigo para se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de lágrimas. Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem e amigo de Pítias, interveio propondo:
- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que carecem da ajuda do filho.  Deixe-o partir e garanto sua volta dentro dos dias previstos, sem faltar uma hora, para lhe entregar a cabeça. A resposta foi um não categórico.  Compreendendo o sofrimento do amigo, Damon propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele se necessário fosse.  O tirano, surpreendido, aceitou a proposta e depois de um prolongado abraço no amigo, Pítias partiu. O dia marcado para sua execução amanheceu ensolarado.  As horas passavam céleres e a guarda já se mostrava inquieta.  Entretanto, Damon procurava restabelecer a calma, garantindo que o amigo chegaria a tempo. Finalmente chegara a hora da execução.  Os guardas tiraram os grilhões dos pés de Damon e o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em silêncio a cada um dos seus passos. Subiu, então, ao cadafalso.  Uma estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos.  Era Pítias que chegava exausto e quase sem fôlego.  Porém, rompendo a multidão, galgou os degraus do cadafalso, onde, abraçando o amigo, entregou-se ao carrasco sem o menor pavor.
Os soluços da multidão comovida chegaram aos ouvidos do tirano.
Este, pondo-se de pé em sua tribuna, para melhor se convencer da cena que acabava de acontecer na praça, levantou as mãos e bradou com firmeza:
- Parem imediatamente com a execução!  Esses dois jovens são dignos do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra.
 Eles provaram saber o quanto vale a honra e o bom nome! Descendo imediatamente daquela tribuna, dirigiu-se a Pítias e a Damon.
Dionísio estava perplexo, e os abraçando comovidamente, lhes falou:
- Eu daria tudo para ter amigos como vocês!
Autor desconhecido

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Dia do Médico!

Depois de uma semana intensa, escalando rochas em São Bento do Sapucaí com mestre Eliseu Frechou, descanso após a escalada lendo um bom livro sobre montanhas ao som da chuva no final da tarde, reencontro com amigos queridos numa feira de esportes de Aventura, e minha primeira experiência num campeonato de escalada indoor onde conheci novas pessoas da escalada, hora de trabalhar. 
Não lembrava mas dia 17 de outubro é o dia do Especialista em Trauma Ortopédico, meu dia, e de grandes amigos! E ainda dia 18 o dia do Médico, dia de São Lucas , que também era médico, nosso protetor! Para comemorar bem os dois dias, nada como um bom plantão no PS de Ortopedia, e para ser muito boa a comemoração, muitos pacientes, mais do que de costume! Alguns tensos com a longa espera, outros, muito satisfeitos e agradecidos ao final do atendimento. Para encerrar na terça feira a meia noite no fim do plantão com vários "Parabéns Doutora, hoje é o dia do médico certo? ", eu cansada mas feliz agradeci a todos com um sorriso no rosto. Curar as vezes, aliviar o sofrimento e consolar sempre!
A medicina me proporcionou e proporciona aproveitar outras grandes paixões da minha vida, e deixo aqui,  acesso para mais uma das minhas histórias nas montanhas. Dessa vez a Expedição Solidária ao Kilimanjaro. Já falei dela aqui algumas vezes, finalmente saiu a história toda! Para amigos da montanha e da vida! Aqui as três primeiras partes. Logo mais a continuação.

KILIMANJARO PARTE 1

KILIMANJARO PARTE 2

KILIMANJARO PARTE 3




Visita à escola no Kilimanjaro
 
 
 

Com Maximo Kausch e as crianças da escola.



No dia do cume, a sombra da montanha ao amanhecer!



 No cume do Kilimanjaro.


Dia das "Crianças"  com boas escaladas no Baú!

 

Leitura na hora da chuva em São Bento.



 

 Grupo de Trauma da Santa Casa e residentes em 2007.



Com meus queridos e grande amigos do Trauma Ortopédico da Santa Casa de SP.



Meus "comparsas"  da residência de Ortopedia do Pavilhão!


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Música!!!

Fazia uns bons meses que eu não abria meu piano. Vários dias penso "quero tocar" mas vou fazer outra coisa e quando me dou conta não toquei... Hoje deu vontade e finalmente abri o piano  e após dias sem usar os dedos nas teclas, só usando para escalar e tratar pacientes, toquei... Até testei uma transmissão ao vivo,  vi um colega fazendo isso outro dia e resolvi arriscar. O colega é lá da minha cidade, estudamos com o mesmo professor e participávamos dos recitais todo final de ano. Agora não tenho mais recitais... Ficava nervosa antes com medo de errar. Água de melissa era o Santo remédio prescrito pela Doutora Maria Lúcia Batalha antes de sair de casa para o evento! Hoje testei a tecnolgia ao vivo sem medo de ser feliz! Ao finalizar as "tocatas" de hoje, depiis da transmissão ao vivo, continuei tocando até parar nessa que segue a letra! Nowhere Man de Lennon e Mc Cartney, que comecei a apreciar ainda criança. Um dia o Maestro GAO viu a partitura de Hey Jude e falou que aquilo não era para tocar... Acho que ele não era muito fã dos Beatles... Depois fui ter aulas com o Professor Niquinho, quem me abriu as portas para a musica popular, pop e tudo o mais além dos clássicos que eu já estudava desde os 7 anos. Um video com a melodia de Nowhere Man , " Homem de nenhum lugar " dos Beatles.
Nowhere Man Melodia.

"Nowhere Man"

He's a real nowhere man
Sitting in his nowhere land
Making all his nowhere plans for nobody

Doesn't have a point of view
Knows not where he's going to
Isn't he a bit like you and me?

Nowhere Man, please listen
You don't know what you're missing
Nowhere Man, the world is at your command

He's as blind as he can be
Just sees what he wants to see
Nowhere Man can you see me at all?

Nowhere Man, don't worry
Take your time, don't hurry
Leave it all till somebody else lends you a hand

Doesn't have a point of view
Knows not where he's going to
Isn't he a bit like you and me?

Nowhere Man, please listen
You don't know what you're missing
Nowhere Man, the world is at your command

He's a real Nowhere Man
Sitting in his nowhere land
Making all his nowhere plans for nobody
Making all his nowhere plans for nobody
Making all his nowhere plans for nobody




sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Novas montanhas... Novas amizades.

Há um ano e dois meses eu estava aqui nas altas terras da Bolívia .... Fazendo o curso de escalada em gelo com o pessoal do http://www.gentedemontanha.com/ para aprender um pouco sobre como andar e me cuidar e a ajudar meus companheiros de expedições em caso de alguma necessidade. Fiz muitas grandes amizades além de aprender um pouco mais para poder fazer mais segura algo que gosto muito.... Subir montanhas de altitude. Para treinar para essa fui escalar rocha em São Bento do Sapucaí com meu mestre da escalada em rocha Eliseu.  E outros treinos como meus plantões de 24h rsrsrs onde treino a capacidade de manter a atenção e qualidade do atendimento de Ortopedia no PS por horas ... As vezes na madrugada. Encaro como um treino para as altas montanhas.... Quando na madrugada de um dia de " ataque ao cume " dormimos poucas horas e ainda no escuro da noite saímos com nossas lanternas acesas, todos equipados e vestidos para enfrentar o frio e chegar ao cume e poder ver o sol apontar no horizonte iluminando toda a paisagem abaixo da gente! Recompensador e limpa a alma da gente! Então, aqui estou eu mais uma vez na Bolívia,  na cidade de La Paz, aguardando para começar mais uma temporada de montanhas. Temporada de reencontrar grandes amigos e com eles subir novas montanhas, e como toda vez, fazer mais novos amigos das montanhas!


Parte do Grupo no jantar de chegada.


Ah... La Paz... A mesma do ano passado!


Mercado local em uma rua de La Paz.

Notícias agora só na volta das montanhas ou no blog da Expedição Sajama do gente de montanha.  Só olhar la no site deles! 

sábado, 13 de agosto de 2016

"A esperança é a arte de ser feliz sem a felicidade. " Berilo Neves

Hoje tinha me programado para ir a um evento, mas, com o frio da manhã, escolhi ficar em casa. Por alguns minutos fica ainda a indecisão na mente, vou ? Não vou? Porquê não fui? Tinha que ir? Tinha me programado para ir e não fui... O mesmo acontece quando o relógio toca de manhã, no horário programado para ir nadar, o "soneca"  do despertador apertado várias vezes, e no final, perder a hora para desfrutar de mais alguns momentos embaixo das cobertas quentes! Quando a mente acalma, e a "culpa" de não ter cumprido o roteiro do dia, o tempo dilata, e surgem outras coisas diferentes para fazer, e é como se o tempo parasse. Preciso aprender a silenciar a mente "mais rápido", para poder aproveitar esses momentos. Olhando aquele site que gosto, o das metáforas, eis que o texto da semana fala sobre isso. Como momentos em nossas vidas podem se eternizar. Um minuto se transformar em horas, uma semana numa expedição parece uma vida de tão intenso e bem aproveitado, um lanche da tarde com a família vira um longo dia muito bem aproveitado. Duas horas numa aula de dança se transformam em um dia delicioso. Quando me percebo nesses momentos, tenho a impressão de que o tempo conforme todos seguimos deixa de existir.... As 24 horas de um dia bem vivido transformam-se em muito mais que isso!


Metáfora da Semana


Metáfora da Semana 32, em 13 de Agosto de 2016

Um momento pode durar para sempre

Nossas férias no lago Michigan tinham terminado. Para evitar engarrafamentos na volta para casa, eu tinha acordado de madrugada para colocar no carro a parafernália dos nossos filhos, com idades de três a nove anos. Não era exatamente a minha ideia de diversão. Mas consegui o milagre de estar com tudo arrumado precisamente no horário que estipulara. Voltei ao chalé e encontrei minha mulher, Evie, acabando de varrer a areia do chão.
- São seis e meia, hora de partir - eu disse. - Onde estão as crianças?
Evie deixou a vassoura de lado.
- Deixei que fossem até a praia para se despedirem.
Balancei a cabeça, aborrecido, porque isso atrapalhava o meu horário cuidadosamente planejado. Por que, então, acordar tão cedo se não íamos conseguir estar na estrada antes que o tráfego ficasse insuportável? Afinal, as crianças já tinham passado duas ótimas semanas fazendo castelos de areia e passeando por toda a região do lago à procura de pedras mágicas. E hoje elas só tinham que relaxar no carro - ou dormir, se quisessem -, enquanto eu me encarregaria da longa volta para casa.
Abri a porta de tela, passei pela varanda. Encontrei meus quatro filhos na praia, depois das dunas suaves do terreno. Tinham tirado os sapatos e estavam andando na ponta dos pés na água, rindo e pulando cada vez que uma onda quebrava em suas pernas. O xis da questão era o quanto poderiam entrar no lago sem encharcar as roupas. Fiquei irritado ao lembrar que todas as roupas secas das crianças já estavam guardadas, sabe Deus onde, na mala entupida do carro.
Com a firmeza de um sargento, fiz uma concha com as mãos para gritar que fossem todos imediatamente para o carro. Mas, por algum motivo, as palavras de repreensão ficaram presas na garganta. O sol, ainda baixo no céu da manhã, desenhava uma silhueta dourada ao redor de cada uma das crianças, que brincavam. Elas só tinham aqueles momentos finais para espremer a última gota de felicidade do sol, da água e do céu.
Quanto mais eu olhava, mais a cena à minha frente adquiria uma aura mágica, pois jamais se repetiria novamente. Que mudanças podemos esperar em nossas vidas depois que se passar mais um ano, outros dez anos? A única realidade era aquele momento, a praia cintilante e as crianças - minhas crianças - com a luz do sol enfeitando seus cabelos, o som das risadas se misturando ao vento e às ondas.
"Por que eu cismara de ir embora às seis e meia da manhã, a ponto de sair correndo do chalé para brigar com eles?", me perguntei. Eu tinha em mente impor uma disciplina construtiva ou estava apenas com vontade de ralhar porque tinha um longo dia no volante pela frente? Afinal, não há prêmios a receber por partir exatamente na hora. E como poderia esperar manter a comunicação com meus filhos, agora e daqui a alguns anos, se não conseguisse manter viva a memória da minha própria juventude?
Na beira d'água, mais embaixo, minha filha mais velha fazia sinais para que me juntasse a eles. Então os outros começaram a acenar também, chamando por Evie e por mim, para nos divertirmos com eles. Hesitei, mas apenas por um instante. Corri, então, até o chalé para trazer minha mulher pela mão. Meio correndo, meio escorregando pelas dunas, logo chegamos à praia, jogando longe os sapatos. Numa alegre bravata, entramos na água além do ponto em que as crianças estavam, Evie segurando a saia e eu a bainha das calças. Até que o pé de Evie escorregou e ela afundou na água gritando e, de propósito, me puxou também.
Hoje, anos depois, ainda me emociono ao lembrar as risadas das crianças naquele dia - boas gargalhadas e um sentimento de camaradagem. E, muitas vezes, quando elas pensam em suas lembranças mais caras, aqueles poucos momentos ocorridos há tanto tempo estão entre as recordações mais preciosas.

Para quem quiser conhecer o Site: http://golfinho.com.br/metafora-da-semana.htm



                         Aconcagua 2016

São Bento do Sapucaí

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Teatro Bradesco realizando um dos muitos sonhos. Conhecer o grande ator de musical Saulo Vasconcelos.

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Campo Base do Everest 2011

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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O trem para a Cracóvia.

Fim de mais um dia de plantão num dos PSs que trabalho, uma segunda feira cheia, mas sempre com alguma lição para aprender além da prática da medicina. Dou me conta ao final do dia de como o planeta é pequeno. E como nosso Brasil é rico de gente de todas as partes. Em tempos onde o "Espírito Olímpico" paira pelos ares de todo o planeta e país, hoje atendi duas pessoas que me chamaram a atenção. A primeira um jovem, com a esposa. Não pude deixar de perguntar de onde eram com aquele sotaque espanhol que tanto gosto de ouvir. A vontade era falar com eles no seu idioma natal, mas como falavam bem o português acabei usando esse mesmo! Mas acabei perguntando de onde eram, com aquele sotaque, e eles me contaram que são peruanos e estão há 5 anos no Brasil, ele eletricista, torceu o joelho jogando futebol, e estava preocupado pois precisava retornar logo ao trabalho. Lembrei de minha viagem para fazer o Caminho Inca no Peru, lembrei-me dos amigos que fiz durante a viagem, e a riqueza da cultura daquela terra Inca. A sorte de ter como guia, um professor de História, que nos contou, num desabafo, que já não dava mais aulas pois os alunos não queriam saber de nada, e optou por contar suas histórias e as muitas de seus antepassados e da sua Terra para os turistas dos mais variados lugares do planeta que se aventuram pelas terras Incas. Foi minha primeira experiência em altitude... O caminho Inca! Voltando ao plantão... Algumas horas depois, não tem como mas para exercer a arte da Medicina, reparar e observar os diferentes sotaques e perfis das pessoas faz parte de um bom atendimento. Somo a isso a minha cuirosidade e vontade de conhecer novas culturas e pessoas, acabo sempre perguntando quando percebo algo diferente em algum paciente. Chamo a próxima da lista, uma senhora de 83 anos. Entra na sala alguém muito forte, falante, lúcida, com aquele português de Portugal, como o da Dona Maria da Padaria Flor de Mogi, amiga da minha avó. Acabei perguntando se a paciente era portuguesa. Ela com todo orgulho me respondeu "Sim e ainda parente de Cabral! ". Me contou toda a história do que a levou ao Pronto Socorro naquela tarde, uma queda uns dias antes, mas que só foi ao PS por muita insistência dos seus filhos de coração. Filhos de coração pois a Portuguesa disse com todas as letras que nunca quis ter filhos, não era essa a vontade dela, que cuidou de muita gente aqui, conseguiu sua própria casa,  faz tudo sozinha, já havia voltado para Portugal para rever familiares e se despedir de alguns irmãos, mas voltou, e que ela a mais velha, ainda continua viva. Mulher de traços fortes, bem resolvida, e eu fiquei imaginando se tinha entendido que era parente de Cabral mesmo. Acabei perguntando qual era o grau de parentesco, ainda fico confusa com a resposta, mas o que ficou ( parece que ficou ) claro é que por parte da mãe da Senhora, pelos meus cálculos, sua tataravó, era tia-avó do Cabral. Confuso? Mas as senhoras dessa cadeia hereditária viveram mais de 100 anos, então foi isso mesmo, fazendo uns cálculos,  o que eu entendi. Tudo isso para lembrar de como o mundo é pequeno! Fecho o post com um momento que veio à memória depois de conversar com esses dois pacientes. Estava eu na Polônia, no mochilão que fiz sozinha em Julho de 2011. Estava em Varsóvia, e ia pegar o trem para a Cracóvia, visitar locais da Segunda Guerra que tinha vontade de conhecer. Na Polônia, fora dos locais turísticos, poucas pessoas falam inglês, e fora os números que são os mesmos, as placas da cidade são todas no idioma local. O Polonês, o qual eu não sabia nada. Cheguei na estação bem antes do meu horário para não correr o risco de perder o trem. Fui ao guichê de passagens, e com um inglês precário a senhora que vendia passagens me explicou onde era a plataforma. Fui eu para lá aguardar meu trem. Era só olhar pelo horário. Dois trens, e a plataforma central. Sentei num banco e fiquei ali a esperar. Não estava preocupada, pois havia entendido que o trem saída da plataforma da esquerda, e era só olhar o horário no relógio. Aproximou-se então de mim, uma senhora grande, com sacolas, sentou-se ao meu lado no banco e começou a falar comigo... Falar muito!!!! Só um detalhe... Em Polonês.... Eu não entendia nada. Mas ela continuou a falar, e de repente começou a apontar o trem, gesticular, mostrar o relógio, e falar, gesticular. Eu somente sorria, e fazia um sim com a cabeça. Sem entender nada, percebi que a senhora parecia preocupada com o trem, ou comigo. Ela apontava o trem, e apontava para mim.  O trem dela chegou, ela foi embora falando polonês, e eu sorrindo, tentando de alguma forma passar para ela que estava tudo bem ali comigo, e que meu trem ainda não havia chegado. A senhora foi, logo depois meu trem chegou. Era o trem certo. Dividi a cabine com uma família que ia para a Cracóvia também. Cheguei bem ao meu destino. Bom... Como comecei, esse mundo é pequeno, estrangeiros que vem para perto de nós , nós que vamos ser estrangeiros em outras terras, eles aprendem nossa língua, nós aprendemos as deles, ou simplesmente estamos abertos para entender a linguagem universal, dos olhares e gestos. E assim percebo como o mundo é grandioso e pequeno! E como há muito o que aprender, conhecer e explorar.

 Centro Histórico de Varsóvia


 Estação Central de Varsóvia

 Estação Central de Varsóvia


 Chegando no destino esperado! Cracóvia


 Um capítulo triste na História da Humanidade


Centro Histórico da Cracóvia